terça-feira, 22 de junho de 2010

Ressaca - 07/09/2008

Tomei um porre,

Desses que você esquece até seu nome,

RG, endereço.

Sai cedo do trabalho e andando vi umas pessoas num boteco,

Me pareciam tão alegres e falantes, que resolvi ver o que bebiam.

Cana da boa.

Envelhecida alguns tempos no barril de carvalho,

Vai uma, vão duas, vão três, vão quatro,

Parei de contar.

Sai meio torta e continuei a andar.

Aproveitei o tempo e o estado e resolvi conhecer mais São Paulo,

E os arredores de onde trabalho.

Caminhei por debaixo do Minhocão,

O chamado Elevado Costa e Silva.

Por cima, de carro, mal se vê a estrutura.

Vigas espessas que sustentam aquelas toneladas de veículos.

Bom saber o que me sustenta quando passo.

Logo na frente havia outro bar com mais uma turma animada

Com a terça-feira ensolarada.

Uma loira gelada punha gosto na conversa. Nada mal.

Pedi umas e bebi mais um pouco.

A saída foi um pouco torta, mais do que a “cana do carvalho”.

Peguei o metrô. Há quanto tempo não pegava esse meio de transporte?

Estranho que não entendi se estava bêbada ou se realmente vi aquela cena.

Após comprar meu bilhete, desci as escada rolante seguindo para a plataforma

E vi duas placas:

-->Corinthians Itaquera

Palmeiras Barra Funda <--

Corintianos e palmeirenses assim, lado a lado, no metrô?

E o pior, só tinha são paulino na plataforma!

Devia estar muito bêbada!

Enfim, peguei meu rumo. Andei algumas estações e voltei pro mesmo lugar.

Continua tudo a mesma coisa, exceto eu não me lembrar de nenhum japonês

Nem entrando, nem saindo da estação Liberdade.

Passeei mais um pouco pela região e vi umas pessoas numa conversa séria em um boteco.

Bebiam vinho Chapinha. Chapinha?

Para mim isso era aquela placa pelante que passava no cabelo para ficar assim,

Japonesa da Liberdade.

Enfim, manda-me as doses.

Com a língua “arroxeada” continuei o passeio e foi bom.

Consegui ver que tem um supermercado chinfrim ali perto,

Um açougue horrendo e fedorento,

Uma casa lotérica para o dia em que eu confiar que ganharei muitos milhões na mega-sena,

Dentre uma passada tropeçada na outra, ainda vi um brechó

E uma velha que deu uma cusparada no chão,

Assim, no melhor estilo malandrão.

Cabelos brancos cacheados, saia no joelho, bolsinha de mão

E cuspe no chão. Cadê a estranheza?

Eu, heim!?

Cerveja, vinho e cachaça. Terça-feira a tarde.

É bom mudar a rotina um pouco.

Voltando para meu caminho, vi um sebo.

Livros do teto ao chão. Bons e ruins.

E uma cesta ao fundo da loja com inúmeros exemplares,

De Shakespeare a Ariano Suassuna.

“Três por R$1”, dizia a placa.

Três livros dessa qualidade por um real????

Poxa, paguei R$3 em cada dose da “cana do carvalho”.

Dava pra levar uns 38 livros.

Credo, insisto em não acreditar.

Essa gente parece que bebe.

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