quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Incondicional

Eu te amo justamente por você não ser como eu.
Te amo por você ser meu contrário,
E por você aguentaria todas as divergências,
Antíteses e diferenças.
O que eu sinto por você nasce dos nossos opostos
E por você ser quem você é.
Depois de tanto viver, de tanto aprender,
E de quase não me impressionar com as coisas deste mundo,
Não me sensibilizar com as dores, crimes, tristezas e tragédias
Que assolam o planeta,
Você me arrepia.
Sinto cada milímetro da minha pele subir
Quando penso em você,
Ou quando te toco nos meus sonhos.
Te amo pelo nó na garganta que você me faz sentir,
Pelo frio na espinha que vem quando penso em você.
Te amo porque só você faz meu sangue borbulhar.
Eu digo que o amor é um idiota
Que se submete a tudo que mais odiamos,
Repelimos, e nos faz amar tanto essas coisas
Quanto o próprio amor.
E é esse amor incondicional que me faz te amar,
Por esse amor por você que sinto meu peito arder.
Eu conto centímetro por centímetro de
Cada milha que nos separa,
E aturo todas as suas contas.
Me envolvo nos seus cálculos,
Comemoro seu pragmatismo,
Me encanto com seu ceticismo,
Tudo pelo amor que emerge nos meus olhos
Quando falo de você.
Faço questão de engasgar cada vez que falo seu nome,
Em nome do amor.
Eu te amo, amo todos os seus problemas,
Todos os seus traumas,
Todos os seus segredos.
Eu amo todos os seus erros daqui em diante,
Amo tudo o que você fez de errado.
Amo seu suor, seu cheiro, seus machucados.
Quero tirar todas as suas cascas, suas máscaras,
Suas fantasias.
Quero te ver verdadeiramente cru,
Quero te ter esplendorosamente verdadeiro,
Porque eu te amo por tudo o que você é,
E por tudo o que você me faz ser,
Mesmo que eu seja só um erro seu.

sábado, 14 de agosto de 2010

Confissão

Eu quero que você vá se foder.
Você e todos os que estão ao seu lado.
E falo isso mesmo porque sou uma escrota.
Sem coitadismo, sem vitimismo,
Sou uma escrota e é hora de assumir isso.
Sou vil, sou má, sou nojenta, sou desprezível.
Tenho vontade de te matar, de te esquartejar
E de dar para poodles se alimentarem dos seus restos.
Você é todo um resto.
Resto de gente, resto de lixo imprestável e fedido.
Eu penso todos os dias em fazer maldades,
Deixo de ajudar cegos na rua porque me dá preguiça,
Finjo que não ouço o que os outros falam
Porque pouco me importa o que eles pensam ou dizem.
Não quero saber dos seus problemas,
Quero que cada dia mais você se machuque e sofra por eles.
Não quero seu amor, seu carinho nem sua atenção.
Não quero você. Quero te ver morto, pelas costas.
Vá se foder, seu desgraçado. Você e todos os seus.
E pouco importa o que você pensa dessa confissão,
Se quer ouvi-la com um tango de fundo,
Ou um samba. Quero se você se foda.
Vou assistir seu sofrimento, sua dor,
Porque não tenho sentimentos e não sofro mais por nada.
Vai embora, feche a porta e me deixe para trás.
Sou uma escrota.