Tive que ir lá, depois de tanto tempo.
Foram anos só de lembranças e tive que recordar os momentos
Na pele.
Antes, eu guiava todos.
Agora, eu me guiava.
Foi engraçado entrar na avenida, ver aquela imensidão de placas,
Lembrar de cada calçada, de cada pizzaria.
Me arrepiei de voltar aos prédios, de enxergar o passado,
De todos saindo pelas escadarias, indo ao térreo.
Como passa o tempo!
Lembrei das comidas que haviam para vender,
Do saquinho com vários pães de queijo,
Das comidas que eu fazia,
Do cheiro da cozinha.
Engraçado...
A grande sensação foi lembrar o que eu pensava,
Quais eram os dramas, as alegrias, as esperanças,
As dúvidas.
As aflições não foram em vão.
Aqui estamos!
Doeu forte o coração, aperto ardente.
Ai, que saudade!
Andei por aquelas ladeiras todas,
As subidas, as descidas,
E conclui que hoje elas são menos íngremes.
Não deu nem para cansar.
Engraçado...
Os carros continuam lá, até os destruídos, sem rodas,
Nem faróis, todos batidos, em frente a delegacia.
Me deu saudade do bolo de fubá, e o fiz assim que cheguei.
E ele pareceu bem mais fácil, sujou bem menos louça,
Assou mais rápido.
Engraçado...
Não queria mais ir embora,
Mas parece que vou ter de voltar lá.
E sabe, nem me incomodei com isso.
A distância não se tornou mais um problema.
Engraçado...
Tudo continua igual. As casas, as lojas,
As portarias, a comida, os ambulantes,
A banca, o cheiro da rua, o guardador de carro.
Tudo intacto.
A única coisa que mudou dentro de tudo isso
Foi eu.
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